- Não te vejo mochilas em redor mas o teu olhar parece-me de viajante...
- Essa foi a melhor coisa que me disseram num mês! Queres uma sandes?
- Aceito as sandes com a companhia. E então?
- Então?!?
- És um viajante?!
- Sou um viajante-falso... Ando a fazer pequenas viagens, em folgas, à procura de histórias, à procura de balei... de mim.
Se encontrares um viajante-verdadeiro – um que o é depois da idade em que o Cartão Jovem expira, que partilha sandes, crava cigarros e não gasta dinheiro em quartos de hotel – tira-lhe uma foto... Encontraste a mais solitária e egoísta das criaturas.
(Tirei-lhe uma foto).
Um viajante- falso não sabe para onde ir; um verdadeiro, não tem para onde voltar. Não tem amigos, pais, recordações de berço – aquelas que ficam de todas as vezes em que renasceste, numa só vida – esta.
Atestei o carro ontem – à meia-noite – e marquei um compromisso. Deixei-a à espera (ou talvez não) na Estação de Serviço de Oeiras.
À hora combinada, estava bem longe – no Pavilhão Chinês (pela primeira vez) – acompanhado de recordações (pessoas) que serão de berço.
Depois de seres (ou mesmo sempre tendo sido) viajante-falso, marcarás compromissos de viagem que na verdade, só cumpririas antes da data de expiração do Cartão Jovem (a antiga).
Quando se falha um compromisso, o adjectivo “egoísmo” é normalmente um dos adequados. Porém, se és um falso viajante, serás apenas egoísta se privares os que te amam da tua companhia. É para isso/esses que existem as férias.
Hoje perdi histórias mas ganhei recordações.
Filipe Lascasas
Perdoa-me Anna Reinsoo... Norte é norte (venho de lá).
Para ouvir com: http://www.youtube.com/watch?v=H1oaGkgHoNY
Abençoadas insónias que te roubam o sono mas alimentam a imaginação :)
ResponderEliminarQue bom fazer parte das tuas recordações...
ResponderEliminarPati